segunda-feira, 2 de julho de 2012

Intervenção do Camarada Gonçalo Clemente Silva, Presidente de Mesa da Comissão Política Concelhia e da Comissão Política Distrital da Juventude Socialista, no XV Congresso Distrital do Partido Socialista que decorreu no último Sábado em Castelo Branco.


Caro Camarada Presidente da Mesa do Congresso,
Caros Camaradas membros da Mesa do Congresso,
Caro Camarada Presidente de Federação do Partido Socialista,
Cara Camarada Presidente do Departamento Federativo de Mulheres Socialistas,
Caros Camaradas Delegados,
Caros Amigos, Companheiros e Camaradas,

Deixem-me começar estas palavras que quero dirigir ao congresso com uma frase que eu acho que resume a oposição que devemos fazer a este Governo: "Não aceitaremos chantagens de estabilidade, não aceitamos o clima emocional de que quem não está caladinho não é patriota". E esta frase, Camaradas, representa não só a oposição que nós devemos fazer a este Governo, como também a oposição que este Primeiro-Ministro merece pois foi ele que quando era líder da oposição proferiu estas palavras em relação ao nosso Camarada José Sócrates, na altura Primeiro-Ministro de Portugal!

E é esta a oposição que devemos fazer porque é essa a nossa responsabilidade histórica e ideológica. Estamos perante o Governo assumidamente mais neoliberal da nossa História mas, pior que isso, estamos perante um Governo que esconde uma agenda ainda mais neoliberal que a que proclama, ao abrigo da suposta inevitabilidade destas medidas. O programa deste Governo é claro e é simples: resolver os problemas do País através de um empobrecimento generalizado e da destruição de todos os Direitos Sociais. E perante isto, Camaradas, não podemos ficar calados porque o que eles definem como inevitabilidade ou interesse nacional é simplesmente a destruição da República!

Mas a nossa luta e a nossa reflexão não se pode apenas centrar na realidade Portuguesa. Não pode porque apesar de especificidades nacionais esta crise é Europeia e é Mundial.

É Europeia porque a Europa provou ser incapaz de com estas instituições gerir uma crise. Provou que o Euro, tal como está construído, só funciona se tudo correr bem. E provou também que as lideranças Europeias desta época não estão à altura das suas responsabilidades, refugiando-se em egoísmos nacionais que já no passado conduziram à tragédia, em vez de se manterem fiéis aos princípios solidários que possibilitaram a construção Europeia.

O fervor e o dogma neoliberal dominam hoje a Europa impedindo-a de sair da crise e conduzindo-a a comportamentos inaceitáveis. A Europa não foi construída para que sejam ameaçados países que não cumprem metas financeiras ao mesmo tempo que nada é feito em face do surgimento, dentro da própria União, de regimes com características proto-fascistas como acontece desde o dia 1 de Janeiro deste ano na Hungria, com a nova constituição do Sr. Orbán.

A crise é também mundial porque tudo o que vivemos hoje é consequência da crise Financeira de 2007. Esta crise aconteceu como resultado inevitável da desregulação financeira e económica que teve início na década de 80. E esta desregulação começou curiosamente com um discurso semelhante ao de hoje. Thatcher na década de 70 e 80 iniciou o discurso da inevitabilidade, depois dela Reagan juntou-se ao coro dos que convenciam os eleitores de que não havia alternativa ao fim da intervenção do Estado na Economia.

Tão grande foi o apelo deste discurso que ele chegou mesmo a dominar a Europa. Na década de 90 esta converteu-se às teorias do fim da história. Não mais seria necessária Ideologia pois a Direita garantia nunca pôr em causa o Estado Social e que o mercado livre e globalizado iria funcionar em benefício de todos e portanto a intervenção do Estado na Economia não mais seria necessária. Foi neste clima que muito se privatizou e que se aceitou construir um Banco Central Europeu disfuncional e regulado Estatutariamente segundo princípios neoliberais.

Hoje a esta visão está morta ou moribunda perante as suas insuficiências e começa a ser claro que o fim da história, a existir, está ainda muito longe, sendo de novo o tempo das Ideologias. E isto acontece porque apesar desta crise ter posto a nu todas as fragilidades deste capitalismo de casino globalizado a Direita pretende realizar a maior ofensiva Ideológica de sempre fazendo os Direitos Sociais recuar para níveis do século XIX.

Hoje a crise que era financeira passou a ser mais que isso: é Económica, Política e Moral. É Económica porque os dogmas neoliberais obrigam à adopção de políticas que não só não resolvem a crise financeira como destroem a Economia e a Sociedade. É Política porque perante este cenário o descrédito dos políticos, dos partidos e das alternativas é total não havendo a mínima intervenção cívica dos cidadãos. E é Moral porque durante as últimas décadas todos os valores que norteavam as Sociedades, incluindo os valores da Igualdade, da Liberdade e da Fraternidade, foram sacrificados no altar do lucro e da finança.

Vivemos num mundo em que nos querem fazer acreditar que devemos ter uma saudável concorrência internacional com a China como se fosse possível ou moralmente aceitável concorrer saudavelmente com um país que escraviza o seu povo.

É por isto, Camaradas, que temos de dizer: "Não aceitaremos chantagens de estabilidade, não aceitamos o clima emocional de que quem não está caladinho não é patriota". Temos de tornar claro que o nosso caminho não é este. Temos de iniciar um diálogo com os Portugueses, explicando as nossas opções e construir com os Portugueses mais que uma alternância de poder uma verdadeira alternativa para o País. Temos de dizer alto e bom som que o nome do nosso país não é nação portuguesa, é República Portuguesa e a República, Camaradas, não é o espaço dos mercados é o espaço dos Cidadãos.

Viva a JS
Viva o PS
Viva a República Portuguesa

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