Caro Camarada
Presidente da Mesa do Congresso,
Caros Camaradas
membros da Mesa do Congresso,
Caro Camarada
Presidente de Federação do Partido Socialista,
Cara Camarada
Presidente do Departamento Federativo de Mulheres Socialistas,
Caros Camaradas
Delegados,
Caros Amigos,
Companheiros e Camaradas,
Deixem-me começar estas palavras que quero dirigir ao congresso com uma
frase que eu acho que resume a oposição que devemos fazer a este Governo:
"Não aceitaremos chantagens de estabilidade, não aceitamos o clima
emocional de que quem não está caladinho não é patriota". E esta frase,
Camaradas, representa não só a oposição que nós devemos fazer a este Governo,
como também a oposição que este Primeiro-Ministro merece pois foi ele que
quando era líder da oposição proferiu estas palavras em relação ao nosso
Camarada José Sócrates, na altura Primeiro-Ministro de Portugal!
E é esta a oposição que devemos fazer porque é essa a nossa
responsabilidade histórica e ideológica. Estamos perante o Governo
assumidamente mais neoliberal da nossa História mas, pior que isso, estamos
perante um Governo que esconde uma agenda ainda mais neoliberal que a que proclama,
ao abrigo da suposta inevitabilidade destas medidas. O programa deste Governo é
claro e é simples: resolver os problemas do País através de um empobrecimento
generalizado e da destruição de todos os Direitos Sociais. E perante isto,
Camaradas, não podemos ficar calados porque o que eles definem como inevitabilidade
ou interesse nacional é simplesmente a destruição da República!
Mas a nossa luta e a nossa reflexão não se pode apenas centrar na
realidade Portuguesa. Não pode porque apesar de especificidades nacionais esta
crise é Europeia e é Mundial.
É Europeia porque a Europa provou ser incapaz de com estas instituições
gerir uma crise. Provou que o Euro, tal como está construído, só funciona se
tudo correr bem. E provou também que as lideranças Europeias desta época não
estão à altura das suas responsabilidades, refugiando-se em egoísmos nacionais
que já no passado conduziram à tragédia, em vez de se manterem fiéis aos
princípios solidários que possibilitaram a construção Europeia.
O fervor e o dogma neoliberal dominam hoje a Europa impedindo-a de sair da
crise e conduzindo-a a comportamentos inaceitáveis. A Europa não foi construída
para que sejam ameaçados países que não cumprem metas financeiras ao mesmo
tempo que nada é feito em face do surgimento, dentro da própria União, de
regimes com características proto-fascistas como acontece desde o dia 1 de
Janeiro deste ano na Hungria, com a nova constituição do Sr. Orbán.
A crise é também mundial porque tudo o que vivemos hoje é consequência da
crise Financeira de 2007. Esta crise aconteceu como resultado inevitável da
desregulação financeira e económica que teve início na década de 80. E esta
desregulação começou curiosamente com um discurso semelhante ao de hoje.
Thatcher na década de 70 e 80 iniciou o discurso da inevitabilidade, depois
dela Reagan juntou-se ao coro dos que convenciam os eleitores de que não havia
alternativa ao fim da intervenção do Estado na Economia.
Tão grande foi o apelo deste discurso que ele chegou mesmo a dominar a
Europa. Na década de 90 esta converteu-se às teorias do fim da história. Não
mais seria necessária Ideologia pois a Direita garantia nunca pôr em causa o
Estado Social e que o mercado livre e globalizado iria funcionar em benefício
de todos e portanto a intervenção do Estado na Economia não mais seria
necessária. Foi neste clima que muito se privatizou e que se aceitou construir
um Banco Central Europeu disfuncional e regulado Estatutariamente segundo
princípios neoliberais.
Hoje a esta visão está morta ou moribunda perante as suas insuficiências
e começa a ser claro que o fim da história, a existir, está ainda muito longe,
sendo de novo o tempo das Ideologias. E isto acontece porque apesar desta crise
ter posto a nu todas as fragilidades deste capitalismo de casino globalizado a
Direita pretende realizar a maior ofensiva Ideológica de sempre fazendo os
Direitos Sociais recuar para níveis do século XIX.
Hoje a crise que era financeira passou a ser mais que isso: é Económica,
Política e Moral. É Económica porque os dogmas neoliberais obrigam à adopção de
políticas que não só não resolvem a crise financeira como destroem a Economia e
a Sociedade. É Política porque perante este cenário o descrédito dos políticos,
dos partidos e das alternativas é total não havendo a mínima intervenção cívica
dos cidadãos. E é Moral porque durante as últimas décadas todos os valores que
norteavam as Sociedades, incluindo os valores da Igualdade, da Liberdade e da Fraternidade,
foram sacrificados no altar do lucro e da finança.
Vivemos num mundo em que nos querem fazer acreditar que devemos ter uma
saudável concorrência internacional com a China como se fosse possível ou
moralmente aceitável concorrer saudavelmente com um país que escraviza o seu
povo.
É por isto, Camaradas, que temos de dizer: "Não aceitaremos
chantagens de estabilidade, não aceitamos o clima emocional de que quem não
está caladinho não é patriota". Temos de tornar claro que o nosso caminho
não é este. Temos de iniciar um diálogo com os Portugueses, explicando as
nossas opções e construir com os Portugueses mais que uma alternância de poder
uma verdadeira alternativa para o País. Temos de dizer alto e bom som que o nome
do nosso país não é nação portuguesa, é República Portuguesa e a República,
Camaradas, não é o espaço dos mercados é o espaço dos Cidadãos.
Viva a JS
Viva o PS
Viva a República
Portuguesa
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