"Responsabilidade deve ficar à frente da avidez de ir às urnas"
Márcia Galrão com fotos de João Paulo Dias27/08/10 17:40
Líder da JS recusa eleições antecipadas e pede responsabilidade na hora de enfrentar a crise.
Recentemente eleito líder da Juventude Socialista, Pedro Alves analisa as grandes questões que marcarão a política nos próximos meses, rejeitando eleições antecipadas e acreditando numa vitória de Alegre numa segunda volta das presidenciais.
Eleições antecipadas são uma inevitabilidade ?
Inevitável não diria. Desejavelmente a legislatura deve ir até ao fim e esse deve ser o objectivo de estabilização num momento difícil que nos deve orientar a todos. Responsabilidade significa ver os sinais da economia portuguesa para que haja uma retoma sólida e sem percalços. Os momentos que podiam ser de crise política, como o Orçamento do Estado, são momentos de grande responsabilidade política e deve-se colocar as prioridades nacionais à frente do cálculo eleitoral. Agora também não sou ingénuo a ponto de não reconhecer que é um cenário possível, mas a responsabilidade deve ficar à frente da avidez de voltar às urnas.
A JS vai para a estrada com Manuel Alegre?
Vai. Estamos empenhados nesse desafio. A JS revê-se nos valores que Alegre quer implementar. É importante galvanizar a juventude para aquele candidato que está mais próximo dos seus valores.
Mesmo que a máquina partidária do PS não o faça?
Mas a máquina partidária do PS também o fará.
Alegre tem hipóteses contra Cavaco?
Acho que sim. Parte de uma posição em que tem capital político próprio. Tem o apoio do PS e do BE. O facto de aparecerem mais candidaturas numa primeira volta pode até mobilizar para umas primárias à esquerda e, depois, num contexto de segunda volta, Alegre tem sérias possibilidades de vencer o actual Presidente.
A adopção por casais homossexuais será a sua marca na JS?
É algo que consta do nosso programa. É um passo que mais cedo ou mais tarde será dado, mas não é algo que devamos apresentar já. Acabámos de alterar a lei para legalizar o casamento, há que deixar assentar as areias. O trabalho que deve ser feito na adopção deste casais é pedagógico, no sentido de mostrar que não traz problemas ao desenvolvimento da criança.
A JS foi a primeira dentro do PS a apresentar propostas para a revisão constitucional...
Há que estar preparado. A JS também vai ter um grupo de reflexão, mas as áreas onde pode haver algumas alterações é no reforço da protecção de direitos fundamentais. A internet lança imensos desafios e podemos ser pioneiros na protecção de direitos fundamentais na Constituição. Depois podemos agora enriquecer o artigo 13º com a identidade de género. Outra ideia que avançámos é o reforço de mecanismos de maior participação: orçamentos participativos, por exemplo, e também reforço da limitação de mandatos de deputados.
Ser líder da JS é uma noção de serviço público?
Se não é, deve ser. É a sensação que se pode contribuir para alguma coisa, com as suas características próprias. Que se tem possibilidade de influenciar políticas de juventude. É uma oportunidade a não desperdiçar. Pensa-se que o papel é o de agitar bandeiras, mas em querendo há contributo ideológico.
As juventudes partidárias estão muito associadas aos boys?
Inevitavelmente, o estereótipo tem essas características, potencia fenómenos que correspondem a alguma realidade. É inegável que há pessoas que podem não estar pelas melhores razões. Progridem de forma que não reflectem as suas qualificações. Mas daí não se deve tomar a parte pelo todo, deve haver análise criteriosa do trabalho que é feito.
O que tem a JS para dar ao país?
A prioridade será seguramente o combate ao emprego jovem. É uma tarefa complicada, porque a redução do desemprego significa retoma da economia de forma encorpada. Devemos defender modelo que mais promova o crescimento. Achamos que há espaço para investimento dinamizador da economia, não só as grandes obras, mas outros como a renovação do parque escolar ou construção de hospitais. Os jovens têm dificuldades próprias, como acesso ao primeiro emprego e para isso são precisas políticas activas.
Quais?
Estágios profissionais é uma aposta do passado que deve continuar.
E como olham para a medida do Governo de reduzir o tempo desses estágios?
Estamos expectantes para ver o alcance. Uma das razões é no sentido de permitir maior rotatividade e o que a experiência passada revela é que cerca de 25% dos que frequentaram depois obtiveram colocação significativa. Se isto significar acelerar o processo, tem essa vantagem de aproveitar melhor os recursos. Esperemos que a questão se coloque nestes termos. Depois, no plano municipal também deve haver estratégia integrada de combate ao desemprego, com iniciativas de apoio ao empreendedorismo local. Falta dimensão de pequenas bolsas de emprego municipais que sirvam de incentivo.
Esta geração acha que tem o futuro hipotecado?
Há uma preocupação, porque enfrentamos um contexto internacional que é novo. Pode ser uma oportunidade para reflectir as grandes opções que temos que fazer, sobretudo no plano europeu. Deve fomentar-se o debate sobre a construção europeia, modelo de governação económica da UE e da zona euro, e ver quais foram os traços que se mostraram insuficientes. E pensar se não devia haver outra abordagem da EU, passando pela correcção de assimetrias regionais, dispor também dum orçamento mais reforçado que lhe permita ter uma intervenção maior, etc. e mostrar que não são opções neutrais.
Como perspectiva PS pós-Sócrates?
Um dia isso acontecerá, mas o momento é determinante. Depende de uma série de factores. Sócrates tem um peso e relevo em puxar a máquina do partido. Ocupou um espaço muito significativo. Mas o PS já substituiu Mário Soares. Quando o momento chegar, o PS encontrará forma de lidar com naturalidade a sucessão, que se deve encarar sem grande ansiedade
António Costa, António José Seguro ou Francisco Assis?
É um universo que não esgota o universo do PS. São pessoas com características muito diferentes. Omomento em que a questão se colocar pode variar significativamente. Qualquer um dos três são militantes com amplo historial do PS, com provas dadas, que podem assumir a liderança, assim como muitos outros. O PS é um partido plural e rico, ao qual não faltarão opções.
(link Original)
Recentemente eleito líder da Juventude Socialista, Pedro Alves analisa as grandes questões que marcarão a política nos próximos meses, rejeitando eleições antecipadas e acreditando numa vitória de Alegre numa segunda volta das presidenciais.
Eleições antecipadas são uma inevitabilidade ?
Inevitável não diria. Desejavelmente a legislatura deve ir até ao fim e esse deve ser o objectivo de estabilização num momento difícil que nos deve orientar a todos. Responsabilidade significa ver os sinais da economia portuguesa para que haja uma retoma sólida e sem percalços. Os momentos que podiam ser de crise política, como o Orçamento do Estado, são momentos de grande responsabilidade política e deve-se colocar as prioridades nacionais à frente do cálculo eleitoral. Agora também não sou ingénuo a ponto de não reconhecer que é um cenário possível, mas a responsabilidade deve ficar à frente da avidez de voltar às urnas.
A JS vai para a estrada com Manuel Alegre?
Vai. Estamos empenhados nesse desafio. A JS revê-se nos valores que Alegre quer implementar. É importante galvanizar a juventude para aquele candidato que está mais próximo dos seus valores.
Mesmo que a máquina partidária do PS não o faça?
Mas a máquina partidária do PS também o fará.
Alegre tem hipóteses contra Cavaco?
Acho que sim. Parte de uma posição em que tem capital político próprio. Tem o apoio do PS e do BE. O facto de aparecerem mais candidaturas numa primeira volta pode até mobilizar para umas primárias à esquerda e, depois, num contexto de segunda volta, Alegre tem sérias possibilidades de vencer o actual Presidente.
A adopção por casais homossexuais será a sua marca na JS?
É algo que consta do nosso programa. É um passo que mais cedo ou mais tarde será dado, mas não é algo que devamos apresentar já. Acabámos de alterar a lei para legalizar o casamento, há que deixar assentar as areias. O trabalho que deve ser feito na adopção deste casais é pedagógico, no sentido de mostrar que não traz problemas ao desenvolvimento da criança.
A JS foi a primeira dentro do PS a apresentar propostas para a revisão constitucional...
Há que estar preparado. A JS também vai ter um grupo de reflexão, mas as áreas onde pode haver algumas alterações é no reforço da protecção de direitos fundamentais. A internet lança imensos desafios e podemos ser pioneiros na protecção de direitos fundamentais na Constituição. Depois podemos agora enriquecer o artigo 13º com a identidade de género. Outra ideia que avançámos é o reforço de mecanismos de maior participação: orçamentos participativos, por exemplo, e também reforço da limitação de mandatos de deputados.
Ser líder da JS é uma noção de serviço público?
Se não é, deve ser. É a sensação que se pode contribuir para alguma coisa, com as suas características próprias. Que se tem possibilidade de influenciar políticas de juventude. É uma oportunidade a não desperdiçar. Pensa-se que o papel é o de agitar bandeiras, mas em querendo há contributo ideológico.
As juventudes partidárias estão muito associadas aos boys?
Inevitavelmente, o estereótipo tem essas características, potencia fenómenos que correspondem a alguma realidade. É inegável que há pessoas que podem não estar pelas melhores razões. Progridem de forma que não reflectem as suas qualificações. Mas daí não se deve tomar a parte pelo todo, deve haver análise criteriosa do trabalho que é feito.
O que tem a JS para dar ao país?
A prioridade será seguramente o combate ao emprego jovem. É uma tarefa complicada, porque a redução do desemprego significa retoma da economia de forma encorpada. Devemos defender modelo que mais promova o crescimento. Achamos que há espaço para investimento dinamizador da economia, não só as grandes obras, mas outros como a renovação do parque escolar ou construção de hospitais. Os jovens têm dificuldades próprias, como acesso ao primeiro emprego e para isso são precisas políticas activas.
Quais?
Estágios profissionais é uma aposta do passado que deve continuar.
E como olham para a medida do Governo de reduzir o tempo desses estágios?
Estamos expectantes para ver o alcance. Uma das razões é no sentido de permitir maior rotatividade e o que a experiência passada revela é que cerca de 25% dos que frequentaram depois obtiveram colocação significativa. Se isto significar acelerar o processo, tem essa vantagem de aproveitar melhor os recursos. Esperemos que a questão se coloque nestes termos. Depois, no plano municipal também deve haver estratégia integrada de combate ao desemprego, com iniciativas de apoio ao empreendedorismo local. Falta dimensão de pequenas bolsas de emprego municipais que sirvam de incentivo.
Esta geração acha que tem o futuro hipotecado?
Há uma preocupação, porque enfrentamos um contexto internacional que é novo. Pode ser uma oportunidade para reflectir as grandes opções que temos que fazer, sobretudo no plano europeu. Deve fomentar-se o debate sobre a construção europeia, modelo de governação económica da UE e da zona euro, e ver quais foram os traços que se mostraram insuficientes. E pensar se não devia haver outra abordagem da EU, passando pela correcção de assimetrias regionais, dispor também dum orçamento mais reforçado que lhe permita ter uma intervenção maior, etc. e mostrar que não são opções neutrais.
Como perspectiva PS pós-Sócrates?
Um dia isso acontecerá, mas o momento é determinante. Depende de uma série de factores. Sócrates tem um peso e relevo em puxar a máquina do partido. Ocupou um espaço muito significativo. Mas o PS já substituiu Mário Soares. Quando o momento chegar, o PS encontrará forma de lidar com naturalidade a sucessão, que se deve encarar sem grande ansiedade
António Costa, António José Seguro ou Francisco Assis?
É um universo que não esgota o universo do PS. São pessoas com características muito diferentes. Omomento em que a questão se colocar pode variar significativamente. Qualquer um dos três são militantes com amplo historial do PS, com provas dadas, que podem assumir a liderança, assim como muitos outros. O PS é um partido plural e rico, ao qual não faltarão opções.
(link Original)